quarta-feira, 18 de abril de 2012

EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS

Beto Brant e sua nova fase...

Sou fã de Beto Brant de longa data. Desde que assisti "Ação entre Amigos" (1998 - Um de meus filmes nacionais prediletos) me tornei fã dele e do escritor-roteirista  Marçal Aquino. Uma ótima história de vingança de 4 amigos que se reúnem para um final de semana de pescaria até que um deles revela que encontrou o homem que os torturou há 25 anos atrás na época da ditadura militar e que ao contrário do que pensavam está vivo. Os amigos partem em busca de seu algoz para uma certo de contas, mas ele acaba fazendo uma revelação que mudará vida deles para sempre.
Logo depois assisti "Os Matadores (1997)" com Murilo Benício e Chico Diaz, sobre uma dupla de matadores de aluguel na fronteira Brasil-Paraguai que enquanto esperavam a sua vítima relembram a história de um famoso pistoleiro, Múcio (Chico Diaz).

Depois veio  "O Invasor "(2001) com Marcos Ricca e Alexandre Borges. Um filme sobre uma dupla de amigos que contratam um assassino de aluguel (Paulo Miklos - surpreendendo na sua incursão como ator) para matar um sócio que se recusa a participar de ação fraudulenta, mas que depois do assassinato invade a rotina dos dois pondo em risco os seus planos.



Os três primeiros filmes dessa parceria só fizeram se concretizar ainda mais minha admiração pela dupla.
Era exatamente aquilo que eu sentia falta no cinema nacional: Bons filmes policias com personagens carismáticos e bons diálogos, além de boas reviravoltas nas tramas.
O tempo passou e veio "Crime Delicado" (2005) . Dessa vez baseado no livro homônimo de Sérgio Sant´Anna.
Para alguns uma reviravolta na carreira do diretor que se mostrava agora, mais maduro e  fazia "Cinema de arte" em que as situações, a fotografia, as atuações falavam mais alto do que os diálogos e a trama em si.
Para mim foi a primeira decepção. Ao terminar o filme me perguntei: "O que aconteceu com meu diretor nacional predileto?"
Os mais apaixonados vão me chamar de louco ou que não entendi o que o diretor quis passar, mas é essa minha opinião.




Depois veio "Cão sem Dono" (2007), baseado no livro "Até o dia em que o cão morreu" de Daniel Galera, com particpação no roteiro também de Beto Brant e Marçal Aquino.
Mais um filme que de nada lembra as três primeiras obras do diretor. Se o filme não chega a ser decepcionante também de nada acrescenta a carreira do diretor na sua primeira parceria na direção com Renato Ciasca.

Não assisti "O Amor segundo B. Schianberg" (2010) também com a dupla de diretores.
Agora chega aos cinemas "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios" que é baseado no livro homônimo de Marçal Aquino. O título por si só já é pura poesia.
O filme mostra um triângulo amoroso entre Lavínia (Camila Pitanga na sua melhor atuação) que é casada com o pastor Ernani (Zeca Machado que já atuou com o o diretor em "Ação entre Amigos") mas se envolve com fotografo Cauby (Gustavo Machado que atuou com o diretor em  "O Amor segundo B. Schianberg")



Lavínia é uma ex-prostituta que teve sua vida mudada após conhecer o pastor Ernani. Mas com o tempo o lado obscuro da personalidade de Lavínia volta a tona e ela se envolve com o fotógrafo Caubi.
Esse triângulo amoroso irá desencadear fatos desastrosos na vida dos três e nas pessoas á sua volta , envoltos de mentiras, violência e mortes.

Talvez em relação aos filmes anteriores , esse seja o que mais se aproxima dos três primeiros filmes do diretor, apesar das características da nova fase, mas dessa vez existe uma trama envolvendo o triângulo amoroso. o que melhora o filme na sua segunda parte, mas a ocultação de alguns fatos não faz o filme decolar.
Camila Pitanga se entrega de maneira devastadora a sua personagem e é um grande destaque do filme.



As cenas de sexo como sempre são cruas e bem intensas, que já é uma marca na filmografia do diretor, como Em "Os Matadores" na cena entre Chico Diaz e Maria Padilha, Rodrigo Brassaloto e Melínia Anthís em "Ação entre Amigos" ou em "O Invasor" com Marcos Ricca e Malu Mader, só para citar algumas.

O Filme vem recebendo boas críticas internacionais e  ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Huelva (Espanha) em 2011, Melhor filme e Melhor Atriz (Camila Pitanga) no Festival do Rio em 2011.
Se não é uma volta ao estilo que o consagrou, pode talvez significar uma luz no fim do túnel...



"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios" (2001)
Elenco: Camila Pitanga, Gustavo Machado, Zecarlos Machado, Gero Camilo.
Direção: Beto Brant e Renato Ciasca
Gênero: Drama
Duração: 100 min.
Distribuidora: Sony Pictures
Estreia: 20 de Abril de 2012

Nota: 5.0





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terça-feira, 17 de abril de 2012

XINGU

Três irmãos, Dois mundos, uma missão...

Desde criança na escola, dando os primeiros passos na história de nosso país aprendemos as clássicas  frases sobre quem descobriu o Brasil e como foi  "pacífica" a chegada dos portugueses em nossas terras em 1500, trocando ouro por espelhos.
"Brasileiro não gosta Índio" diz um dos personagens a certa altura do filme expressando de maneira nua e crua a realidade do nosso país desde os seus primórdios até os dias de hoje, quando índios são queimados em pontos de ônibus por garotos da alta sociedade, como no episódio do Índio Galdino.
Só isso explica a matança desordenada de índios que até a chegada dos portugueses eram por volta de 5 milhões e hoje corresponde a apenas 400 mil em todo o território nacional.

Os índios foram praticamente dizimados e assim como na nossa infância só são vistos nos livros de história e lembrados apenas "no seu dia" , que se tornou apenas uma data em que nossas crianças se vestem de índio.
oucos ousaram  lutar pelos direitos indígenas e entre eles estavam os irmãos Villas-Boas:
Cláudio (João Miguel de "Cinemas Aspirinas e Urubus") Orlando (Felipe Camargo de "Som & Fúria) e Leonardo (Caio Blat de "História de amor duram apenas 90 Minutos e "O Ano em quem meus pais saíram de Férias" - também com o diretor Cao Hamburger) quando se alistam na expedição Roncador-Xingu, pelo Brasil Central em 1940.



Os irmãos conseguem de forma pacífica fazer contato e adentrar o território indígena, mas acabam trazendo também as doenças do homem branco que acaba dizimando metade de uma tribo e a ganância de alguns outros que vêm nas terras indígenas apenas lucro, tratada com pesar pelo personagem de João Miguel: "Nós somos o antídoto e o veneno."



Tentando viabilizar o projeto para o qual foram contratados e lutar pelos direitos do índios Orlando se torna o estrategista do grupo, mas logo percebe que a ganância do homem branco falará mais alto, o que resultará em um grande banho de sangue.
Com muita luta Cláudio e Orlando conseguem fundar o parque nacional do Xingu que comemora 50 anos.





O Diretor Cao Hamburger se mostra mais maduro em relação a seu filme anterior "O Ano em quem meus pais saíram de Férias". É triste ver que o tema é tão pouco explorado no nosso cinema, por isso Xingu vem em boa hora, nos mostrando fatos de nosso país conhecido por poucos , tentando resgatar a história de luta dos irmãos Villas-Boas e do heróico povo Indígena.



FICHA TÉCNICA
Direção: Cao Hamburger
Roteiro: Elena Soarez, Cao Hamburger, Anna Muylaert
Direção de Fotografia: Adriano Goldman, ABC
Direção de Arte: Cassio Amarante
Distribuição: Downtown Filmes, Sony Pictures e RioFilme
Elenco: João Miguel (Claudio Villas Boas),
Felipe Camargo (Orlando Villas Boas),
Caio Blat (Leonardo Villas Boas), Maiarim Kaiabi (Prepori)
Awakari Tumã Kaiabi (Pionim), Adana Kambeba (Kaiulu)
Tapaié Waurá (Izaquiri), Totomai Yawalapiti (Guerreiro Kalapalo)
Participação Especial: Maria Flor (Marina),
Augusto Madeira (Noel Nutels), Fabio Lago (Bamburra)


NOTA:7,0

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segunda-feira, 9 de abril de 2012

HELENO

Touro quase Indomável...

Bem antes do "Animal" Edmundo, Jóbson, Sérginho Chulapa, Imperador Adriano, entre outros jogadores problemas da história do futebol Brasileiro , um jogador já nos anos 40 chamava atenção por seu temperamento forte dentro e fora de campo: Heleno Freitas.
Jogador do Botafogo do Rio de Janeiro, Heleno (Rodrigo Santoro)  não criava inimigos apenas no time adversário, mas também em seu próprio time ao criticar os companheiros que não jogavam por amor a camisa ou só jogavam pelo dinheiro.
 Por causa do seu temperamento explosivo dentro de campo ele acabou sendo apelidado pela torcida  adversária de "Gilda", personagem da atriz americana Rita Hayworth do filme noir de mesmo nome dos anos 40.


Com um ego incontrolável , se achando acima do bem e do mal, foras das quatro linhas seu temperamento não era diferente. 
Foi a primeira grande estrela  do futebol brasileiro, sendo o jogador mais caro da época, vendido para o Boca Júniors da Argentina.
Viciado em drogas e bebidas, tinha fama de "Bon Vivant" e vivia cercado de mulheres. 
Se casou com com Silvía ( a bela Aline Moraes) com quem teve um filho, com o qual teve pouco contato.
Existe um antigo ditado que diz que se "você quer conhecer a verdadeira personalidade de um homem dê a ele uma arma e poder. Heleno de Freitas teve mais que isso, e apesar de ser chamado de gênio fez mais honra ao apelido de príncipe maldito. 
Um príncipe que fez ruir o seu próprio e reluzente reino, e mesmo com ele em destroços carregado das lembranças do seu outrora glorioso passado , vivia num mundo que era pequeno demais para o seu orgulho, terminando da maneira que é conhecida o clube que tanto amou, como uma estrela solitária...






Assim como o clássico "Touro Indomável"  de Martin Scorsese, "Heleno" é todo filmado em Preto & Branco dando um ar nostálgico com uma belíssima direção de arte, recriando a bela Rio de Janeiro dos anos 40.
Rodrigo Santoro nos brinda com sua melhor e mais visceral interpretação, encarnando de forma surpreendente o famigerado jogador.
Aline Moraes também mostra mais uma vez ser uma das grandes promessas de nosso cinema.
José Henrique Fonseca (filho do escritor Rubens Fonseca, diretor de "O Homem do Ano (2003)"
e da série da HBO "Mandrake" ) nesse seu segundo filme se mostra mais maduro e nos brinda com um filme já fadado a se tornar um clássico sobre o tema da maior paixão nacional.
Surpreendente e fascinante "Heleno" já figura entre os melhores filmes nacionais de 2012.







 Heleno
Gênero: Drama
Duração: 116 min.
Origem: Brasil
Estreia: 30 de Março de 2012
Direção: José Henrique Fonseca
Roteiro: José Henrique Fonseca, Felipe Bragança e Fernando Castets
Distribuidora: Downtown Filmes
Censura: 14 anos
Ano: 2011

NOTA: 8,5




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quarta-feira, 4 de abril de 2012

BELLFLOWER

Falsas Promessas...

A Premissa de "BellFlower" a princípio é bem interessante.
2 amigos: Woodrow (Ewan Gloddel, também diretor do filme) e Aiden (Tyler Dawson) passam o tempo construindo carros velozes, armas de destruição em massa e lança-chamas, se preparando para o apocalipse, quando tentarão dominar o deserto com sua gangue, a "Madre Medusa",  inspirados em Mad Max.
Numa noite de bebedeira os dois acabam conhecendo de maneira bem inusitada a linda Milly (Jessie Wiseman) e a meiga Courtney (A lindíssima Rebekah Brandes - guarde esse nome).
 Woodrow se apaixona por Milly, deixando sua empreitada pós-apocalíptica de lado e embarcando numa relação a principio perfeita.



Com o tempo vem a degradação da relação dos casal, seguida posteriormente da degradação mental de Woodrow.
Com o mundo a sua volta em ruínas Woodrow se torna o seu próprio apocalipse o que resultará em fatos desastrosos na vida de todos á sua volta.

O filme é visualmente bem intenso, tem uma boa trilha sonora e como disse no começo tem uma premissa bem interessante, mas no meio do caminho se perde, deixando seus personagens bem confusos, caindo tudo no ombro do protagonista que a essa altura já começa a perder sua identidade.
O roteiro deixa várias pontas soltas pelo caminho e as idas e vindas no tempo só pioram as coisas.



Nessa jornada de amor, ódio e traições a ira de Woodrow resulta num banho de sangue e destruição fazendo da sua realidade mais devastadora que as mais insanas de suas fantasias.
Mas no final acaba sendo frustrante ter tantas expectativas trucidadas pela falta de ousadia do seu criador que a princípio parecia ser a sua maior marca.


Curiosamente o filme foi feito ao longo de 3 anos com o fantástico orçamento de 17 mil dólares o que se torna um grande feito no mercado cinematográfico norte-americano.
O filme foi selecionado para o festival de Sundance de 2011 e causou um certo barulho o que poderá render bons frutos para o diretor e ator Ewan Gloddel nos seu próximos projetos, quem sabe com um melhor orçamento.

Resta-nos esperar pelos próximos projetos de Ewan. Destaque também para as belíssimas  Jessie Wiseman e Rebekah Brandes.









BellFlower (2011)
País: Estados Unidos
Direção: Ewan Gloddel
Elenco: Ewan Gloddel , Tyler Dawson, Jessie Wiseman e Rebekah Brandes, Vincent Grashaw

NOTA: 6.0


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