sábado, 21 de maio de 2011

ENTREVISTA JUDE LAW (FESTIVAL DE CANNES)


O ator e produtor inglês Jude Law já esteve em Cannes em 2007 para apresentar o filme de Wong Kar Waï, Um Beijo Roubado, que fez a abertura do 60º Festival de Cannes. Este ano regressa como membro do Júri dos Longas Metragens.


Qual foi o seu sentimento quando o Festival lhe propôs de fazer parte do Júri?
Evidentemente, fiquei muito contente, excitado e como em tudo o que nunca se fez antes, um pouco nervoso! E cada dia ultrapassou as minhas expectativas, vivo uma das melhores experiências da minha vida. É muito importante, comovedor mesmo, de ter a oportunidade de concentrar-se realmente sobre os filmes como uma arte, de ter a responsabilidade de discutir deles com pessoas formidáveis, de ver filmes que vêm de todo o lado, e que têm uma diversidade incrível. É um relance do meio de expressão importante, especial e potente que é o Festival. Tenho muita sorte.


Você atuou em Gattaca ao lado de Uma Thurman (1997) e hoje é membro do júri junto a ela Pode contar-nos algo sobre o trabalho de vocês juntos?

Foi um dos meus primeiros filmes, isso foi há muito tempo! Foi o meu primeiro filme nos Estados Unidos, em Hollywood. Uma e Ethan já eram atores conhecidos. A minha recordação mais impressionante é de guiar carros magníficos com duas pessoas incríveis, e tinha esse sentimento de ser um fantasma, o que toda a gente tem a propósito do cinema de Hollywood. Ambos eram realmente simpáticos e me ajudaram  em relação à minha falta de experiência.

O que é que o Festival traz ao Cinema, a seu parecer? 
É um festival muito importante. Pondo de lado as festas, o glamour e os negócios aqui concluídos, o que aprendi este ano é a celebração da arte, uma recordação do que pode ser inovador, uma arte estimulante que fala uma linguagem universal. É também a arte de contar uma história, muito complexa, e tão importante. Precisamos sempre da nossa imaginação e de ouvir histórias, quer sentados à volta de uma fogueira, quer no Palais a ver filmes.

Neste Júri você está cercado de artistas vindos do mundo inteiro, isso dá-lhe vontade de atuar em filmes de realizadores estrangeiros?
Absolutamente! Aprendi tantas coisas à cerca de realizadores que não conhecia. Sempre quis atuar num filme falando outra língua. Em francês, seria talvez o mais fácil, porque falo um pouco de francês – os meus pais vivem aqui, o que me dá a ocasião de aprendê-lo e melhorá-lo. Trabalhar numa língua estrangeira poderia ser uma verdadeira fonte de inspiração, uma oportunidade de ultrapassar os meus limites, seria certamente uma belíssima experiência.

O que é que lhe deu vontade de fazer filmes?
Era um grande fã de Cinema, adorava isso. Adorava a proximidade física, quando se está no escuro e que alguém nos conta uma história! E sempre gostei de fazer parte dessas histórias.
 
Qual é a sua primeira recordação de Cinema?
Charlie Chaplin, acho eu. O meu pai tinha o hábito de projectar os seus filmes na parede durante as festas. É uma lembrança muito intensa. E Harold Lloyd. Há muitos filmes que poderia ver sem cessa, por exemplo: Ladrões de bicicletas e O Presidiário

Também atua no Teatro, em Londres ?
Comecei a minha carreira em cima do palco, só comecei a atuar em filmes a partir dos vinte anos. E nessa época, não pensava trabalhar no Cinema porque onde cresci, em Londres, é um mundo que nos parecia realmente longínquo! Mesmo se amando isso, não fazia parte do meu ambiente. O Teatro, para mim, é um lugar em que me sinto livre de expressar-me. Gosto da exigência que isso requer a um ator, o direto, ter a sorte, uma vez que a cortina se levanta, de viver essa magia e esse sentimento que, seja o que acontecer, vai-se até ao fim. Também gosto da sensação de redescobrir o papel todas as noites, com um público diferente, a atmosfera, o humor da sala… Tudo influi sobre a interpretação. O Teatro é realmente muito importante para mim.

Quais são os seus projetos?
Atuo numa peça de Eugene O Neill que se chama «Anna Christie» no Donmar Warehouse em Londres este Verão, começa em Agosto. E a seguir vou interpretar o filme de Joe Wright sobre Anna Karenine.

O que é que o inspira?
Os meus filhos, os realizadores, os artistas…

Gosta da idéia de transmitir o amor do Cinema aos seus filhos?
Sim, adoro mostrar filmes aos meus filhos. E gosto de ouvi-los contar os filmes que viram. Neste momento, vivo um período muito particular porque o meu filho mais velho tem quatorze anos, por isso posso mostrar-lhe todos os filmes que vi quando tinha a sua idade, os que me deram o amor do Cinema. É uma oportunidade para mim, dar-lhes a conhecer os grandes realizadores que me inspiraram. É maravilhoso. Fazer descobrir um filme, explicar o que isso significa para nós, é um verdadeiro presente.

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