sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ENTREVISTA BRYAN CRANSTON - BREAKING BAD

Bryan Cranston fala sobre a nova temporada de Breaking Bad e seus novos Projetos


Breaking Bad é uma série americana criada e produzida por Vince Gilligan.A história de Breaking Bad se passa em Albuquerque, Novo México  e gira em torno de Walter White (Bryan Cranston), um professor de química do ensino secundário/médio pouco apreciado com um filho adolescente que sofre de paralisia cerebral (RJ Mitte) e uma esposa grávida, Skyler (Anna Gunn). Quando o já tenso White é diagnosticado com cancro de pulmão, ele sofre um colapso e abraça uma vida de crimes, produzindo e vendendo metanfetaminas com o seu ex-aluno Jesse Pinkman (Aaron Paul) com o objetivo de assegurar o futuro financeiro de sua família em caso da sua morte.


No dia 1º  de junho, nossos parceiros do site Collider, tiveram a chance de conversar por telefone com Bryan Cranston, o premiado protagonista de Breaking Bad. Com o início da quarta temporada nos Estados Unidos, publicamos agora a entrevista, em que o ator fala não só da série, como também de seu trabalho em O Vingador do Futuro, O Poder e a Lei, Drive,
Você está em Toronto (onde O Vingador do Futuro está sendo filmado)?
Não, estou em Albuquerque. Ainda temos mais dez dias de gravação da quarta temporada.
Interessante. Pensei que já estaria em Toronto.
Estive lá no final de semana para alguns testes de câmera, figurino, maquiagem, esse tipo de coisa. Só pra familiarizar, encontrar com as outras pessoas, conversar um pouco sobre os personagens. Aí voltei pra cá. Vai ser bem divertido filmar O Vingador do Futuro em Toronto. Len Wiseman é um cara ótimo e eu conheci Colin Farrell. Ele é um cara super charmoso. Assisti a uma cena em que ele estava gravando aquele dia e a câmera realmente o ama.
Ama mesmo, mas a câmera também gosta bastante de você. Não acho que esteja tão mal assim.
[risos] Não, a vida é boa.


Tem muita coisa acontecendo na sua vida ultimamente... Você sente como se tivesse ganhado em algum tipo de loteria?
Acho que se você acredita em vidas passadas, eu devo ter sido um cara extremamente necessitado. Devo ter sido maltratado, surrado e forçado a fazer trabalho escravo, porque essa vida tem sido fenomenal. Eu acho que - e digo isso com sinceridade - fui criado com humildade. Éramos uma família de renda média-baixa em uma casa que teve alguns tempos difíceis. É por isso que fico surpreso com todas as oportunidades que aparecem em minha vida agora, com segurança financeira e prêmios artísticos. Eu não espero que essas coisas aconteçam comigo. Sou muito grato a tudo, mas não tenho esse senso de merecimento. Não acho que a vida me deve nada. A única maneira de abordar tudo isso é trabalhar duro e gostar do que faz. Se fizer isso e tiver fé, talvez tenha sorte, digo isso com sinceridade. Eu realmente acredito que nenhuma carreira profissional artística seja possível sem uma boa dose de sorte.
Concordo plenamente. Com a terceira temporada de Breaking Bad já em Blu-Ray e DVD nos Estados Unidos e a quarta temporada começando nos EUA, você pode falar um pouco sobre o que pensa quando olha para as três temporadas que já passaram? Como você acha que será o futuro olhando para tudo o que já rolou?
A primeira temporada foi toda sobre decisões. Foi lá que apresentamos um cara, sua vida, a condição na qual estava, suas decisões limitadas. Já na segunda temporada, mostramos que o plano dele não era tão simples como havíamos imaginado. Existe um efeito cascata e ramificações da decisão que ele tomou. Na terceira temporada, não tinha mais quem enganar. Já sabíamos que ele tinha um lado criminoso, então ele tinha que conseguir moral se não quisesse perder a vida. Para um cara inteligente, ele é ingênuo em vários outros níveis, então ele tinha que aprender como ser um criminoso. Agora na quarta temporada é que realmente vamos ampliar. Tínhamos que ampliar e é justificável. Tudo começou na primeira temporada, um cara que tinha um dilema. Apresentamos sua condição e tudo foi catapultado. A história tinha que se expandir para que os personagens novos pudessem ser introduzidos, as relações ficam mais complicadas. Temos que crescer. Como prometemos, a vida desse cara fica cada vez mais complicada. Então, aquele plano que ele pensou ser simples lá no começo provou-se não é tão simples assim. Tudo fica mais profundo e sombrio. Agora ele precisa encarar o fato de que ele é uma nova pessoa, aceitar essa nova personalidade para que assim possa sobreviver.


Com tanto tempo entre a terceira e a quarta temporada, como foi voltar ao personagem? É uma coisa imediata, como apertar um botão e você já é Walter novamente?
É mesmo como um botão. É só eu ler o primeiro roteiro que já funciono como Walter - tudo parece muito familiar, mesmo que já tenha passado um ano entre o fim da terceira temporada e o início da produção da quarta. Aí então quando visto as típicas roupas de Walter, ponho os óculos, raspo a cabeça, deixo o cavanhaque, fica bem mais fácil. Eu ia dizer que fica confortável, mas a vida de Walter é qualquer coisa, menos confortável.
Vince Giligan teve bastante tempo para criar o arco dessa temporada pelo fato da produção ter sido adiada até o começo do ano. Quanto você já sabia da história? Você prefere esperar e ler um roteiro por vez?
A segunda opção. Os roteiros estão disponíveis para lermos de antemão, mas eu descobri que eles acabam me confundindo. Pelo fato da história ter tantas reviravoltas e surpresas, não me ajuda saber coisas muito à frente daquilo que estamos gravando. Eu teria em minha mente que já conheci uma pessoa, mas na verdade, só a conheceria no próximo episódio, no episódio atual eu apenas ouvi falar dele, então seu nome ainda não é familiar. É esse tipo de coisa que confunde. Walter não sabe o que vai acontecer na próxima hora, que dirá no próximo dia, semana ou ano. Pensando nisso, me ajuda mais ser supreendido e saber apenas aquilo que o personagem sabe, semana a semana.


Ouvi boatos que alguns mini-episódios seriam lançados antes da quarta temporada ir ao ar. Isso ainda está nos planos? Você chegou a gravar alguma coisa?
Não, eu que falei demais ano passado. Eu dei a ideia à Vince [Giligan] e à Sony e todo mundo dizia que tinha gostado. Então quando as pessoas me perguntavam, eu dizia que ia acontecer, porque achava que gostar de uma ideia significava que ela iria tomar forma. Como se o fato de gostar de uma Maserati significasse que eu pudesse ter uma. Aprendi minha lição, porque tivemos que desmentir vários boatos... E seria difícil, especialmente para os roteiristas porque eles já têm que se preocupar com a trama da própria série, não podiam desviar suas atenções para os mini-episódios.


O Poder e a Lei foi um filme no qual você esteve envolvido recentemente e fez um ótimo trabalho, apesar de ter um papel pequeno. Você já sabia que seria um filme tão bom assim quando se envolveu ou apenas cruzou os dedos e torceu pelo melhor?
Tudo começa com um roteiro; eu li este e gostei. Quando algo é bem escrito, há uma chance de ser bom - não significa que vai ser bom, mas tem chances. Se não for bem escrito, não será bom. Pode até ser popular, mas não será bom. Pensando nisso, me pediram para ler o roteiro, eu o fiz e realmente gostei, o que me levou a ter uma conversa com o diretor. Falamos sobre qual dos papéis seria o mais apropriado para mim e o que funcionaria. É mais ou menos como juntar os ingredientes para fazer um bolo - você quer que ele cresça, fique bonito e dê certo.
Eu realmente queria fazer parte daquilo, então pedi que me deixassem escolher um papel. Bill [William H.] Macy já estava no elenco e Matthew [McConaughey] também, então a única coisa que tinha sobrado e que era apropriada para mim era um dos detetives. Escolhi o papel que tinha intenções específicas, um contraponto às visões do protagonista, o que eu achei que seria legal para interpretar. Mas como sempre, você está suscetível a ser cortado. Meu papel em O Poder e a Lei foi consideravelmente cortado, e eu entendo. Existe uma minutagem apropriada para contar a história de um filme e já existem algumas partes pré-determinadas para cortá-lo. Isso é o resultado da habilidade da nossa sociedade de se manter atento a qualquer coisa. Você consegue imaginar se, após ter usado uma internet banda larga, tivesse que usar uma em dial-up? Mas na época que o dial-up foi introduzido, tudo era incrivelmente rápido. Nosso senso de paciência continua a cair cada vez mais. Queremos tudo pra agora. A mesma coisa acontece com o cinema - agora temos que atingir uma audiência mais moderna, diferente daquela de antigamente. Quando eu era criança, os cinemas eram todos em sessão dupla. Sempre íamos ver dois filmes. Você consegue imaginar fazer isso agora? Naquela época, os filmes eram bem mais longos - duas horas ou mais de duração. Estamos falando de quatro horas de cinema.

Para mim, isso não é um problema. Mas você está certo, a audiência só quer uma hora e meia de entretenimento e é isso.
Exatamente.
Mas pelo lado positivo, tenho certeza que o filme vai ter uma versão estendida em Blu-Ray ou DVD. Para fãs do filme, tenho certeza que vai existir uma versão com todo o material.
Eu espero que eles ponham as cenas deletadas. Mas o filme foi bom e eu gostei. Pessoalmente, acho que esse foi um dos melhores filmes que o Matthew já fez. Brad Furman, nosso diretor, foi ótimo de trabalhar. Ele foi bem paciente, compreensivo e sempre procurava por novas ideias e opiniões. Foi ótimo, uma boa experiência.
Você também está participando de vários outros projetos. Um dos filmes que gerou bastante buzz em Cannes foi Drive.
Eu ainda não vi o filme completo. Me diverti muito nas filmagens, Nicolas Refn [diretor] é um cara super aberto e colaborativo. Eu fui na casa dele várias vezes e foi lá que conheci Ryan [Goslin], Albert Brooks e nosso roteirista [Hossein Amini]. Nós discutimos, demos ideias, ensaiávamos e muito do que fizemos lá acabou entrando no filme. Então foi tudo bem colaborativo. Fiquei bem feliz que Drive foi bem recebido. Novamente, me sinto tão sortudo. Foi incrível conseguir esse papel e estar disponível para interpretá-lo. Tive a oportunidade de criar o personagem, ditar como ele seria fisicamente. Ele tinha uma das pernas machucadas e tinha que usar um tipo de corretor para isso. Shannon, meu personagem, era meio que irritável, então foi incrível interpretá-lo e Ryan é ótimo colega de trabalho.


Depois que você terminar de gravar Breaking Bad, sei que vai fazer Vingador do Futuromas você também está envolvido em Rock of Ages. Então como está sua agenda nos próximos seis meses?
Até agora, essas são as duas únicas coisas definitivas. Eu vou fazer só uma ponta em Rock of Ages. Tive uma ótima conversa com Adam Shankman [diretor] e ele me apresentou uma possibilidade tão bonita que eu não consegui dizer não. Interpretar o marido de Catherine Zeta-Jones? Fiquei bem lisonjeado. É tipo o filme que eu fiz com Tom Hanks e Julia Roberts chamado Larry Crowne, que eu tive a oportunidade de interpretar o marido de Julia. Eu fiquei bem nervoso porque quando Tom me ligou, eu estava no meio das gravações da terceira temporada de Breaking Bad. Eu disse pra ele que do jeito que eu estava, mais parecia o pai dela do que marido. Aí ele me disse que não tinha problema, até lá meu cabelo ia crescer e ia ficar tudo bem. Eu me diverti muito naquele filme, mas eu estava bem nervoso. Então eu fiquei em ótima forma, fiz um daqueles bronzeamentos de spray, branqueei meus dentes, deixei meu cabelo crescer e cortei. Eu só queria parecer o mais novo possível, para que as pessoas não achassem aquilo tão fora do normal assim. Espero que tenha dado certo!


Como o seu Cohaagen se compara ao Cohaagen original do primeiro Vingador do Futuro?
Eu escolhi um caminho diferente, como você vai ver. No meu caso, Hauser e Cohaagen são como mestre e pupilo, e antes da memória dele ser apagada, ele era muito querido meu. Para mim, encontrá-lo e ter que capturá-lo foi como deter um adolescente rebelde dentro de mim. Eu não tenho a menor intenção de causar nenhum tipo de dano, mas ele precisa ser punido. Então eu tenho que encontrá-lo e endireitá-lo. Então tudo é meio que envolto na premissa de que eu o amo e quero protegê-lo a todo custo, mas ele está me testando. Ele está sendo teimoso como um adolescente seria. Foi dessa maneira que eu escolhi seguir ao invés do sentimento de querer vê-lo morto. Eu o quero vivo e quando chega a um ponto no qual isso não é mais possível, eu fico extremamente triste.
Estou bem animado para o remake, tem um elenco incrível envolvido.
Vai ser ótimo. Eu realmente gostei do roteiro e acho que você vai adorar.
Muito obrigado pela entrevista.


Entrevista Publicada no Site: www.omelete.com








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